O outro lado do sonho americano que esqueceram de mencionar.

O Retrato Amarelo e Imperfeito de um Herói Americano.

Nos anos 1950, o principal produto americano a ser vendido era o estilo de vida, ou o american way of life, como era conhecido. Os programas de TV e filmes na época exploraram à exaustão a imagem da típica família americana feliz: o pai, a mãe e dois ou três filhos, vivendo em uma casa no subúrbio com um quintal grande e em harmonia com os vizinhos. O pai, bem sucedido, trabalhava fora para pagar as contas e sustentar a família, enquanto a mãe cuidava das tarefas de casa e dos filhos, os meninos, por sua vez, seguiriam os passos do pai, e as meninas os da mãe. Dessa maneira, o ciclo seguiria ininterruptamente, tornando este o principal sonho de consumo de trabalhadores americanos. Porém, nas décadas seguintes, esse modelo de perfeição seria questionado, e todas as falhas no plano seriam expostas para o mundo, que até então estavam escondidas por baixo de toda aquela felicidade vistas nos comerciais de margarina.

É nesse contexto, que em 1987, surgem Os Simpsons. Originalmente desenvolvido como pequenas sketches entre os quadros do The Tracy Ulman Show, a ideia era mostrar o cotidiano de uma família disfuncional, como tantas na América, o projeto ganhou tanta visibilidade que, em 1989, a FOX decide transformá-lo em um show próprio de 30 minutos de duração. Reza a lenda que Matt Groening, o criador dos personagens, desenvolveu os Simpsons enquanto estava na sala de espera, esperando para ser atendido por James L. Brooks, produtor do The Tracy Ulman Show (que mais tarde seria um dos produtores de Os Simpsons). De lá para cá já se passaram 24 anos e mais de 500 episódios.

Homer Simpson

Apontado por muitos como um dos principais fatores do sucesso da série, o patriarca da família Simpson, Homer J. Simpson, que recebeu esse nome em homenagem ao pai de Matt, Homer Groening, é a perfeita sátira daquele pai de família imaginado na década de 50. Ele vive no subúrbio de Springfield, é casado com Marjorie (Marge) Bouvier Simpson e tem três filhos (Bart, Lisa e Maggie). Homer trabalha fora e, é a única fonte de sustento da família, já que Marge é uma típica dona-de-casa, mas todas as semelhanças com o modelo americano de pai de família acabam aí. A começar por seu emprego, o chefe da família Simpson está preso a um trabalho que não gosta, onde não lhe é dada a chance de progredir. Desta maneira, ele é um retrato da classe operária vivendo o outro lado sonho americano. Rude, incompetente, preguiçoso e até um pouco (ou muito) ignorante, é difícil olhar para a sua figura e chamá-lo de bem sucedido. Contudo, isso é o que torna o personagem especial, ele é mais um vivendo sua vida da maneira que pode, sonhando com aquele lugar ao sol, mas batendo com a cara no chão todos os dias.

Personalidade

Mesmo aos 39 anos, sua aparência é deplorável, gordo e careca, Homer come demais, bebe demais e pensa de menos. Desajeitado e inconsequente, ele raramente leva em consideração as consequências do seus atos, o que o coloca nas mais inusitadas, e por que não engraçadas, situações, isso associado ao seu alcoolismo e um QI abaixo da média (beeeeem abaixo), faz com que essas situações cheguem a oferecer riscos a sua vida e a dos demais ao seu redor. Falando assim pode não parecer, mas Homer é uma boa pessoa, à sua maneira, ele ama e é dedicado a sua família. Ele é apenas o retrato de uma geração “loser”, que não lutou em uma guerra, o próprio pai de Homer é um veterano da Segunda Guerra, e foi acostumada com os exageros da sociedade americana, além de sempre buscar a saída mais fácil. Juntando tudo isso, o resultado é um dos personagens mais influentes da história.

Conclusão

Com o crescente sucesso nos mais de 20 anos da série é quase impossível imaginar quando Os Simpson vai chegar ao fim. Diversos jogos eletrônicos, além de histórias em quadrinhos, já foram produzidos sobre a família amarela. Em 2007, o programa ganhou um filme, que foi muito bem recebido por fãs e críticos, e no ano passado o curta Maggie Simpson: em o Dia Mais Longo na Creche foi indicado a um Oscar. O jornal britânico The Sunday Times descreveu os Simpsons, em especial seu patriarca, como “a maior criação dos desenhos da era moderna”. Fica até dificil refutar o argumento, sabendo que o importante e respeitado museu americano Smithsonian tem uma réplica do sofá da família Simpson em sua exposição, e que o famoso grunhido de insatisfação de Homer (D’oh!) foi parar no Oxford English Dictionary. Ao que Homer respondeu: “uhull”!

Por: Leornado de Lara